Família, Psicanálise e Sociedade II
Conforme dito anteriormente, a família vem sofrendo diversas modificações, variadas mutações e assumindo configurações diversas. Os mais variados discursos são suscitados, ora para justificar, ora para defender, ora para tratar a família. Nesta postagem apresentaremos um desses discursos.
O discurso religioso
Em uma perspectiva católica a família é o reflexo e a encarnação da comunidade trinitária,
sendo assim criada como uma comunidade. Por ser o homem a mais perfeita expressão da
constituição divina, tendo sido criado à imagem e semelhança de Deus ele também é ser
pessoal e comunitário. Dessa forma, o homem é um ser social, comunitário por excelência que
necessita do grupo familiar para crescer e desenvolver. A família é, para esse pensamento, conforme destaca Janice Salomão, algo
que “nasce da união interpretativa do amor divino; é a proposta como pequena comunidade de
vida e amor. Do amor e da vida que vêm de Deus e leva a Deus”.
A abordagem protestante, por outro lado, vê a família como idéia de Deus e crê as crises
familiares como universais. Estão diretamente ligadas ao pecado original de Adão e Eva, uma
vez que “a maldição que o pecado acarretou a Adão e Eva (Gênesis 3:16 – 20) fala de
relacionamentos familiares: criação de filhos, marido dominando as suas esposas e a labuta do
homem para sustentar a família”, conforme argumenta Allan Petersen.
O discurso religioso sobre a família passa primeiramente pela noção de casal constituído a
partir do casamento sendo este a união de duas pessoas que se complementam em que cada
uma se dedica a amar e a servir a outra. No casamento , o casal se torna uma nova entidade,
uma corporação total, tornando-se uma só carne.
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O discurso religioso cristão prega que o casamento e a família se originam de Deus, não sendo resultado de um
contrato social entre duas pessoas ou fruto de uma necessidade biológica de perpetuação da espécie.
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A família está projetada a ser um núcleo onde há o crescimento integral de seus membros. Tal
crescimento implica na satisfação das necessidades sexuais, afetivas, intelectuais, materiais,
relacionais e espirituais. Dessa maneira, “uma família cumprindo as funções básicas de
reprodução, nutrição, educação e socialização, algumas das quais têm sido descritas pela
sociologia e pela psicologia. Com uma visão humanista, a perspectiva religiosa acredita que a
provisão afetiva parte da atitude de aceitação incondicional de cada um de seus membros. Isso significa estar presente e disponível para atender as necessidades afetivas de cada pessoa. Se
a pessoa se sente aceita e reconhecida tal como é, ela alcança autonomia, tem reconhecida a
sua singularidade e aumenta sua autoconfiança.
Em breve trataremos de algumas concepções Psi sobre a família.
Enquanto isso, um feliz natal!
Para saber mais: https://freudcontemporaneo.webnode.com/l/adocao-e-filiacao-parte-iv/
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Cássio Eduardo Soares Miranda

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