Família, Psicanálise e Sociedade: Alguns pontos finais de reflexão

O que a Psicanálise tem a dizer à sociedade quando esta a convoca a dar sua contribuição nos problemas familiares, sobretudo quando estes deixam o privado e tornam-se públicos? O que se espera do psicanalista diante da problemática da família? 

Jesus Santiago  defende que a Psicanálise pode contribuir para tanto no que diz à interferência “sobre esta última, da função residual de transmissão da lei paterna”. O analista é assim convocado a representar tal função pela reinserção do Nome-do-Pai diante de uma carência de identificação, por exemplo, da criança ao pai na família moderna. O psicanalista atua assim como o Pai Real, como aquele que vai sustentar um limite frente ao gozo. De alguma forma, o analista fará o sujeito pagar – ainda que em palavras – possibilitando-o o trabalho de elaboração de um pró-jeto de vida, da reconstrução dos laços sociais e de sua implicação/ responsabilização pelos seus atos. 

Por outro lado, Célio Garcia  propõe a Clínica do Social, sustentada por uma ética que avalie o que pode um sujeito e o que desse poder ele é capaz de querer. A clínica, nesse sentido, é um método inserido em uma efetiva estratégia de ação, “associada agora às necessidades de ordem coletiva, política, em programas a serem executadas no espaço urbano da grande cidade”. 


 “Tudo acontece como se a sociedade não soubesse, mais por uma impossibilidade de estrutura do que por impotência, reprimir aos menores, as crianças. E quem não sabe reprimir, também não consegue reconhecer um lugar e uma dignidade simbólica” (Contardo Calligaris).


Cássio Eduardo Soares Miranda
Professor Permanente do Programa de Pós-graduação em Saúde e Comunidade da UFPI

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