O que é a Psicanálise - Parte II


Em uma postagem anterior (https://freudcontemporaneo.blogspot.com/2019/09/o-que-e-apsicanalise-nascida-no-limiar.html), apresentamos de maneira bastante sucinta o que a psicanálise, com destaque para os três referenciais utilizados pelo próprio Freud para definir o saber elaborado por ele mesmo.  Além disso, expusemos o I modelo do aparelho psíquico, organizado em 1900.  
Esse modelo topológico, no entanto, se mostrou suficiente por curto espaço de tempo, em função dos desafios que a clínica psicanalítica apresentava à Freud e aos psicanalistas formados por ele. Como decorrência desses desafios, Freud desenvolveu e ampliou sua primeira tópica e, como isso, passou a pensar em uma segunda teoria do funcionamento do psiquismo, denominada de II Tópica.
“Libere seu Id, pendure seu Ego no cabide”
A II Tópica freudiana se popularizou rapidamente, assumiu ares de cultura pop e passou a fazer parte do cinema, do teatro, das artes e das mesas de bar. Desse modo, os termos Id, Ego e Superego, termos forjados nessa tópica, se popularizaram e, com isso, correram o risco de perderem sua substância conceitual. Ora, a II Tópica freudiana tornou-se, então, uma grande inovação clínica, conceitual e até mesmo cultural do edifício teórico psicanalítico, se fazendo presente nas discussões clínicas e até mesmo populescas. 
O Id (também chamado de Isso) é, de maneira bem rápida, a fonte de energia pulsional do aparelho psíquico e busca a obtenção de prazer a todo o custo.  O superego (supereu), por sua vez, é parte consciente, sendo o responsável pela lei interna que “orienta” o sujeito e funciona como o responsável pela instância moral, pelo juízo de valores e daquilo que popularmente chamamos de consciência.
Como uma espécie de queijo no meio dos pães, o Ego (Eu) é a instância regida pelo Princípio da Realidade e tenta é intermediar as exigências do Id com as proibições do superego, além das questões impostas pela realidade externa. Nesse sentido, o Ego é regido pelo Princípio da Realidade.  Assim como o Id está ao Princípio do Prazer.
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Como diz o próprio Freud, “Sabemos que o princípio de prazer é próprio de um método primário de funcionamento por parte do aparelho mental, mas que, do ponto de vista da autopreservação do organismo entre as dificuldades do mundo externo, ele é, desde o início, ineficaz e até mesmo altamente perigoso. Sob a influência dos instintos de autopreservação do ego, o princípio de prazer é substituído pelo princípio de realidade. Este último princípio não abandona a intenção de fundamentalmente obter prazer; não obstante, exige e efetua o adiamento da satisfação, o abandono de uma série de possibilidades de obtê-la, e a tolerância temporária do desprazer como uma etapa no longo e indireto caminho para o prazer”.
Embora colocado de maneira bastante rápida daquilo que talvez seja um dos aspectos mais populares da psicanálise – a II Tópica -, é preciso considerar, acima de tudo, que a psicanálise é uma teoria da clínica, ou seja, ela advém dos desafios que a clínica cotidiana lhe apresenta. Sua aposta, no entanto, é no sujeito e se constitui como uma prática da palavra.
Gostaria de lembrar que Freud, em 1915, foi convidado a ministrar uma série de conferências na Universidade de Viena, na Áustria, para um público vasto. Essas conferências foram reelaboradas por Freud e transformadas na famosas “Conferências introdutórias à psicanálise” que, como o próprio nome diz, faz uma arrazoado sobre a psicanálise e seus principais conceitos.  Brevemente falaremos sobre ela.
Para saber mais:
Cássio Eduardo soares Miranda



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