FREUD E O NAZISMO

Como é o conhecimento da maioria das pessoas que acompanham a Psicanálise, o judeu Sigmund Freud nasceu na Morávia, tendo sido levado para Viena, na Áustria, aos 4 anos de idade. Viena passou a ser, assim, sua cidade de crescimento e também sua cidade amada. Foi na vibrante Viena do século 19 que Freud estudou, desenvolveu-se intelectualmente e também fez sua carreira de médico e psicanalista. Viena era, de fato , sua cidade amada



Entretanto, é importante destacar que a Áustria tornou-se um território bastante cobiçado pelos nazistas e quando ela foi por eles ocupada, Freud foi logo declarado inimigo público número 1, tanto por sua judeidade quanto por suas teoriasConsiderada como obra maldita pelos arianos, muitos livros de Freud foram queimados em praça pública, sua teoria foi banida dos manuais de psiquiatria e psicologia da época e toda a sua família passou a ser interrogada e vigiada pela Gestapo, a polícia nazista. Com uma ironia peculiar, Freud escreve a um amigo: "Veja que progresso da civilização, em outros tempos teriam me levado à fogueira, hoje se contentam em queimar meus livros”.

Com seu nome tendo se tornado conhecido mundo afora, em 1938 Freud conseguiu escapar de Viena em direção à Londres, mesmo contra sua vontade. Após um árduo trabalho empreendido pela princesa Marie Bonaparte, Freud e grande parte de sua família encontrou abrigo em Londres. Duas de suas irmãs, no entanto, não tiveram a mesma sorte e foram levadas para os campos de concentração nazistas

Todavia, antes de sua saída, a Gestapo escreveu uma declaração e obrigou Freud a assiná-la. A declaração dizia que os nazistas o haviam "tratado com todo respeito e consideração, por conta de minha reputação científica, e eu podia viver e trabalhar em plena liberdade”. Freud assina, of course, mas ele aproveita para, com sua famosa ironia, tirar sarro da cara dos nazistas e acrescenta no documento a seguinte frase:  “Recomendo encarecidamente a Gestapo a todos”. Parece que a Gestapo não sacou que era uma ironia e deixou a coisa seguir 

Uma interessante leitura a ser feita é o  livro "A Fuga de Freud", de David Cohen.

Até breve!
Cássio Eduardo Soares Miranda - UFPI

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